Venho desculpar-me das minhas ações
Tantas ações que são minhas, animais
Outras, bissextas quando são sublimes
Mas preciso da tolerância de todas as pessoas
Dos que me compreendem, e
Ainda assim, amam-me
Amam-me pouco, bem sei
Não posso exigir que me amem demais
Há muita coisa no mundo para ser amada
Entre essas coisas,
É preciso amar o par, o filho, o gato,
A flor seca que ficou dentro do livro,
O mar pintado, o encantamento do circo;
E se me amam, um pouco que seja
Já me vale
Desculpo-me agora diante daqueles
Que não me souberam amar
Posto que eu não os soube amar.
Perdão se não amo de fato
Tenho aprendido coisas durante a minha existência
Coisas nem tão valiosas assim,
Como calcular a distância do trem que parte
Dentro da hora da sua partida e chegada
Sem que isso modifique a humanidade
Ou me modifique interiormente
Tenho compreendido o tempo que a abelha passa
Entre a flor e entre o trabalho de processar a flor
Sem que a flor deixe de ser flor
E abelha nem sequer note se há beleza na flor
Mas não tenho aprendido a amar a quem não preciso amar
Tolerem-me, todos,
Se não fui e ainda sou
Este ser que olha tudo e não remenda
Se a compaixão que demonstro é a auto-compaixão
Que só tem resmungos para si própria
Onde o vértice do meu mundo sou eu mesma
Que só conhece o absoluto dentro do eu
Perdôo-me também, dentro do meu abuso;
Busco uma humildade que até então não conhecia
Uma inferioridade que necessite ser nobre
Um abaixar de olhos, submisso
E digo para mim mesma;
Eu sou o pó da vida.
1 comment:
Maravilhoso poema, Cilinha!
Parabéns!
Riquíssimo de cadência, romance, interioridade, perdão, filosofia...
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