07 October 2007

PRELÚDIO DO AMOR À VIDA


Mesmo naquele desassossego, eu me traíra
Toda porta que havia
Eu me cuidava para que à toa, não se abrisse
Nem se escancarasse
Para mim,
Era preciso haver a sustentabilidade das coisas
Era preciso fazer todo dia o que me doía ser feito
Limpar os móveis,
Cultivar a salada no quintal
Usar quantos perfumes fosse necessário
Para manter esticados os sorrisos falsos
Os meus
E os sorrisos de colgate que eu precisava instigar
Mas numa manhã em que havia sol,
Como qualquer outro dia
Batia um vento, lembro-me do vento
(Seria ele a marca-régua do cotidiano?)
Um tiro soou aqui dentro
Vindo do exterior
De terras tão próximas que eu já havia perseguido
E nunca, de fato, fincado bandeira
Não me matou
Nem me deixou amolecida diante da amálgama da vida
Ressuscitar dentro do tempo
Eis a tarefa trabalhosa e útil
Todo dia aqui faz sol
O vento desde esse dia em diante, em mim,
É bom, e não é breve.


1 comment:

Unknown said...

Lindo tb Ceci...
Porém não consigo abrir a música!

Na medisa do possível, vou posrat no meu Blog seus poemas, OK?
VC deixa?