Queres um ano novo?
Toma então teu ano novo,
Amassa-o como se amassasses um pão
Sova-lhe e alisa-lhe
Faz dele teu sustento e teu ânimo
E espera paciente,
que ele fermente e que se aqueça.
Mas se quiseres o velho,
aquele que ainda persiste
o antigo que até agora perdura
Não o amasses mais
como já lhe amassara no passado
Tampouco sova-lhe
Nem alisa-lhe,
Coma-o degavar
Salivando cada parte que já lhe foi destinada
Sorva cada fração como se fosse a tua fração
O ano novo que lhe virá
Nada mais é do que o antigo que aí está
Próximo à tua boca
Debaixo da tua língua
Próximo do teu paladar.
O novo reaparecerá
em meio ao velho
Não há começo nem fim nestas paragens
onde vivemos
Basta que lhe consintas
E que lhe permitas que venha.
A ano antigo,
ainda há de apresentar-lhe suas surpresas
E seus delírios
Portanto, ama-lhe, toca-lhe
Deixa que o prolongamento do que já foi
Do que está sendo
e do que promete que será
lhe apaixone
e lhe leve até onde lhe for traçado
Um caminho, um rio,
uma ponte ou cidade
Destinos são infindáveis;
O que importa é a viagem.
2 comments:
MARAVILHOSO QUERIDA!
Meu desejo é imprimir este poema na pele das passoas!
Maria Cecilia,nesse nascer do domingo,entro no seu blog e degusto suas poesias,como o bom tomador de vinho cabernet o faria.Suas poesias são lindas e extraidas do fundo do seu coração.Dizer qual a mais bela seria uma injustiça com as outras.Eu que não curtia poesias passei a amá-las.Continue pois não podemos nós privar de tanta coisa boa.eloadir
Post a Comment