22 August 2008
EU PASSO
Hoje me deu uma tristeza da vida
Pensei em pegar uma estrada
e viajar para onde um destino me esperaria
Destinos a gente encontra, basta buscar...
Mas a tristeza que me deu,
e que ainda está comigo
me impede de dar o primeiro passo,
e o segundo passo, nem eu conceberia
Tristeza é como impetuosidades da mulher
nem bem se tem, ela se alarga,
Graças a Deus que não sou pobre de espírito
e graças a Deus que não possuo dinheiro à larga
Se eu tivesse um navio, também não partiria
e se minhas pernas soubessem falar, emudeceriam
O melhor da tristeza é esse momento de ficar parada
para ver se a tristeza passa
Se não passa, eu passo.
21 August 2008
ABSOLUTO
20 August 2008
FIO DE PRATA
Já tive saudades de mim, da minha infância
Hoje já não a tenho mais
Por não conseguir me lembrar da minha face,
das minhas pernas finas,
da timidez que me levava para os quintais,
que me assombrava,
a ponto de desacreditar que a vida era o que eu via
Hoje quedo-me imóvel a olhar essa planta que se desidratou
Nem desejo mais olhar-me em qualquer espelho
Temo pelo que sou,
e mato-me de medo pelo que serei
Posto que a vida é espada de prata
Nem bem reluz, risca pálida de luz
e já escurece, na perda da vitalidade
Vida minha, que eu nem vi,
fio de prata...
19 August 2008
POEMA DA ESPERA
11 August 2008
PAI DE PAI
Meu pai foi um homem simples
de uma simplicidade de berço
e de uma simplicidade de pensamento
Sua sofisticação foi a maneira
como veio a conduzir a trilha da carreira
Ao mesmo tempo que falava, desfalava
como se sua língua somente soubesse
dar os ântonimos
e desconhecesse as redundâncias
e se seguia, voltava ao ponto de partida
sem que o remorso lhe atordoasse a alma
ou lhe roubasse o sono,
descanso que lhe faltou apenas no desfecho
De meu pai, também fui pai
e dele me fortaleci em coragem
Com ele, aprendi a ser dura
e venho aprendendo a ser mais endurecida
Hoje, nas minhas questões mais cruciais
revolvo-me em espelho
e tento ser pai de mim mesma
assim como paternalizei meu pai
Sua fraqueza fez-me forte
seus conflitos deram-me a sorte
de que preciso para continuar vivendo
Onde ele está, não deve haver dor
e se houver dor, meu pai
receba daqui, de mim,
o meu olhar de encorajamento em amenidade
Posto que o sofrimento, para nós dois
figura constante em nossos mundos,
se desse seu lado, busca paz
daqui do meu, quando não é conflito,
é saudade.
de uma simplicidade de berço
e de uma simplicidade de pensamento
Sua sofisticação foi a maneira
como veio a conduzir a trilha da carreira
Ao mesmo tempo que falava, desfalava
como se sua língua somente soubesse
dar os ântonimos
e desconhecesse as redundâncias
e se seguia, voltava ao ponto de partida
sem que o remorso lhe atordoasse a alma
ou lhe roubasse o sono,
descanso que lhe faltou apenas no desfecho
De meu pai, também fui pai
e dele me fortaleci em coragem
Com ele, aprendi a ser dura
e venho aprendendo a ser mais endurecida
Hoje, nas minhas questões mais cruciais
revolvo-me em espelho
e tento ser pai de mim mesma
assim como paternalizei meu pai
Sua fraqueza fez-me forte
seus conflitos deram-me a sorte
de que preciso para continuar vivendo
Onde ele está, não deve haver dor
e se houver dor, meu pai
receba daqui, de mim,
o meu olhar de encorajamento em amenidade
Posto que o sofrimento, para nós dois
figura constante em nossos mundos,
se desse seu lado, busca paz
daqui do meu, quando não é conflito,
é saudade.
04 August 2008
O TEMPO É O ANEL PERFEITO
O tempo é o anel perfeito
Somos corruptíveis, mas o tempo não
Somos desviadores das nossas metas
Mas o tempo é a marcha reta
Por mais que façamos,
por mais que fujamos
ou que nos escondamos por debaixo de rochas
o tempo nos encontra,
nos alinha
e nos repara
Um dia eu disse, em minha confusão:
"Foi tempo perdido..."
Hoje rio de mim mesma, da minha ignorância,
da minha pouca visão
Mais ganhei do que pensei que perdi
Tudo que o julguei extraviado,
me voltou,
com uma força enérgica de corrida de cavalo
Sossego meu coração então,
o que penso que não tenho mais,
ja terei de volta na benigna restituição da vida
Respeito o tempo que me passa como respeitei meus pais
Porque aprendi a diferença entre a autoridade e a submissão
Meu coração agora parou de bater acelerado em busca de contestações
de acertos dos martírios...
Vivo o que vivo, e se choro,
logo me alargo
em gargalhada desregrada
Não há razão para que eu me preocupe tanto
O tempo me cura e me apura...
Todas as manhãs, e todas as noites
quando é tempo de me dedicar ao meu espírito
eu ouço o tempo que passou no dia
e o tempo de desenrolação que ainda desenrola;
Hoje e finalmente,
já descobri o que é ser felicidade.
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