07 August 2007

TRISTEZA FRIA


É uma tristeza fria
Uma tristeza comum,
Portanto, fria;
Jamais poderei explicar-lhe a minha tristeza
Descrevê-la, contá-la
Em suas miudezas
Nas suas cutucações ocultas
Nos seus minúsculos e invisíveis alfinetes
Nas misérias da minha alma
Que é uma alma menor, falha
Mal formada;
Jamais poderei mostrar-lhe a minha tristeza verdadeira
Porque me envergonha
Toda tristeza é impossivel de descrição
Eu a sei, de mim
De como me fere a transcrição
E a oposição de espelhos
Ao trazer de volta,
Algum momento em que fui mais feliz
Um pedaço de segundo que fosse,
Como no dia dos meus anos
Num tempo atrás
Eu era a própria personificação de uma alegria
Tonta,
Benevolente comigo mesma
Irresponsavelmente livre,
Naquela amplidão de vida que ainda havia de acontecer
E é essa tristeza limitada e solitária
Contudente e que me lateja
As têmporas, a jugular
Essa infeliz amarra,
É o tempo, impetuoso e vingativo,
Que não pára.



1 comment:

Anonymous said...

Há poemas seus em que não sei o que mais admirar, se a poeta ou a filósofa. Este é um deles. Simplesmente belo.
Beijos do tio e fã,