28 December 2010
FALTA AMOR, FALTA PÃO
Faltava falar-lhe:
"Onde falta amor, falta pão"
mas a verdade não é essa:
a verdade dos outros é:
"Onde falta pão, falta amor".
Nunca apreciei as verdades dos outros
e para mim ainda persiste:
"Onde falta amor, falta amor".
TALVEZ?
O homem que eu nunca vira antes
me confidenciou:
Ando milhas todo dia
e gasto um par de sapatos por mês!
Que terrível constatação!
Não saberia o homem
que ando um metro por dia
e gasto cem vidas por vez
escrevendo daquilo que penso
e do que não penso talvez?
CANÇÃO DO AUSENTE
Como és bonito! é o que tenho a dizer;
bonito igual o linho alvo e cheiroso
da casa da minha avó;
teu asseio é a tua beleza
e teu porte, tua goma.
És bonito como Deus seria
se pudesse ser o homem que tu és,
- e Ele deve invejar tua beleza,
pois te fez presente em minhas cismas
e te apartou de mim nesta noite.
26 December 2010
CANÇÃO DO DESGOSTO
Não era um pássaro;
apenas um desejo de voar
e na hora do vôo,
amargou-se.
Vinha azul e insone,
como aquele amor
que se acalanta,
e que num átimo,
arrefece e
de desgosto,
sofre a súbita morte.
25 December 2010
FELIZ NATAL
Queridos amigos e companheiros de poesia, desejo profundamente a todos um divino Natal, curador, ameno e farto de amor...
19 December 2010
O NATAL EM SEU SORRISO
A sombra do seu sorriso
é o melhor Natal;
uns guizos de excitação,
delicados presentes
na maciez da sua língua.
O santo e o profano
o simples e o luxuoso
é a embocadura da
sua luz enfiada no Natal...
Para que haja luz
no sagrado da noite,
há de haver no seu sorriso
da paz, meu significado
dos cheiros de velas de cera
aos contentamentos da espera.
17 December 2010
MEU AMOR PEQUENININHO
Meu amor grudou no seu pelo
tal arreio de gado...
Ah, esse meu amor pequenininho,
que lhe quer colado,
e por ser pele com pele
voa em direção aos ares
- posto que sou ave -
atira-lhe aos azuis do espaço
embora sem meu laço.
16 December 2010
CANÇÃO DO PASSADO
Meu Deus, eu não quero um Natal;
quero apenas o colo de minha mãe,
quente, gordo, cansado
e que ela me cante,
não as canções natalinas,
mas a canção do meu passado,
onde o ruim era bom
e o pouco bastava.
CANÇÃO DO ARCO
Fizeram de mim um arco
de passar reverências
e de passar procissões.
Por isso me pus firme
a adornar aqueles que passavam.
Passaram todos e eu não passei,
fiquei assim tão bela, enfeitada,
a decorar o tempo e a me fazer
de piso aos passarinhos.
Quero dar um único passo,
mas me falta perna
e me falta braço.
O arco de mim
não me basta,
mas circunda o meu espírito
que antevê a liberdade.
15 December 2010
VIVO
Aqueles que amam viver, vivem
e eu, que amo o que é vida,
e que acima de tudo,
amo o que vive em mim
fatigo-me em desmaios fugidios
e em sonho, vivo.
09 December 2010
TEU ROSTO
Teu rosto doce,
lápide fria
lápide fria
por dentro da calma
do mineral,
do mineral,
liso e perpétuo
silente e ordinário.
No entanto, a tua beleza,
essa tua beleza inorgânica
não se compreende.
É doce, mas forte;
é forte em calma
e em lisura de amorem obstinação.
.
08 December 2010
JÁ SOMOS AQUILO QUE SEREMOS
Já somos aquilo que seremos...
Um pouco mais adiante,
nossa voz dirá
daquilo que o pensamento
deixou voar.
Tenho tanto medo do futuro,
tenho tanto medo do agora,
tenho tanto medo do que passou...
O que fui está plantadodebaixo dos rabanetes no quintal;
o que sou agora arranca os rabanetes;
e os replanta naquilo que serei.
07 December 2010
NOS ARES DA POESIA
Estava ressecada e dura
a negra borboleta;
tive ímpetos de ressuscitação
porém, meu coração sabia
que o tarde demais
é tempo que passou.
Pura poesia saída mim
subiu aos ares
e vivificou-lhe uma existência
de mais cor que se encontrava ausente.
E se agora aqui não vive mais,
vive nos ares do poético
persiste, firme e enevoada
embora para alguns inexistente.
06 December 2010
APÁTICA
Ventou e ventou,
mas não fazia frio.
Quando venta sem chuva,
é porque o mundo se enviesou,
Ontem ventou sem chuva.
Fiquei apática,
sem viés,
apática e apática,
e ainda estou.
A SOMBRA E O ESPANTALHO
Hoje quero cantar esse mistério
no mundo dos homens
que como a sombra, densa e nebulosa
enche com vultos de prodígios
as compreensões humanas.
Eu era um espantalho em meio ao milharal,
mas as mãos invisíveis vieram, entrelaçadas,
alcançaram-me em meio ao pasto triste e desolado,
e arrancaram-me do mastro,
puseram-me um destino
vestiram-me a cabeça de guirlanda de flores
e deram-me o cálice de vinho
forte e cálido.
Eu era a coisa triste e empacada;
hoje sou do espantalho,
a vívida passagem
em sombra à sua haste.
05 December 2010
DESAFIO DOS 7
Recebi este desafio do meu caríssimo amigo de poesia SOTNAS, e aqui estou, para lançar mais 7 amigos:
Desafio dos 7
7 coisas que pretendo fazer antes de morrer:
- Conhecer a India
- Falar francês
- Publicar um livro a cada dois anos
- Conviver proximamente com meus futuros netos
- Aprender a tricotar
- Estudar Filosofia
- Aprender a tocar piano
7 coisas que mais digo:
- Olha isso!
- Beleza!
- Vixi!
- Boi preto anda com boi preto
- Caramba!
- Vai indo que eu não vou...
- How are you doing?
7 coisas que faço bem:
- Pudim de leite condensado
- Falar Inglês
- Dar aulas
- Cantar
- Ler rapido
- Memorizar
- Bife acebolado
7 coisas que amo:
- Ficar descalça
- Dormir no fim de semana a tarde
- Tomar cerveja em dia de calor
- Jogar baralho com meu filho e genro
- Cantar com meu filho
- Sair dirigindo pela cidade sem destino
- Minha família
7 defeitos meus:
- Falar muito
- Escutar pouco
- Nao ter muita paciência
- Ansiedade
- Falta de fé
- Mau humor em tempos de crise
- Intolerância com pessoas lentas
7 qualidades minhas:
- Apenas uma: VONTADE DE ME APRIMORAR
7 amigos para participarem desse desafio:
- Espelho sem Aço
- Café com Sucesso
- Mara Senna
- Mara Bombo
- Confessionário Mental
- Princesa Giovana
- Confessionário Mental
- Princesa Giovana
02 December 2010
O TANGO
Quero tentar um tango,
mas me falta do outro
o pé e o ânimo.
Melhor cantar a canção
da traição
em que a presença do pé
do outro
é a simbologia da farsa
e da realidade.
Qualquer canção me bastaria,
menos o tango,
que inclui em mim
uma paixão devassa.
01 December 2010
O AMOR NÃO PODE ESPERAR
O amor não pode esperar
tenta-se a carne
e se isto não basta,
vai o espírito assim
esmaecido e trêmulo
a contentar aquele
que despertou em nós
a febre gotejante
e escarlate de um arroubo.
e escarlate de um arroubo.
Se antes não se morre,
morre-se depois na infusão daquilo
que o amor fatiga
e generosamente doa.
DEZEMBRO
Chega o Dezembro tórrido
e o meu calor desaba
por sobre a poesia morna...
Tento um verso de menos
mas o calor me trai,
e a poesia, tonta
refastela-se com o luxo
fastidioso dos mortais.
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