A poesia de Ribeirão Preto é poeirenta, mastigada
incluo na minha poesia o sotaque forte dessa gente
e a riqueza do meu vocabulário salta dessa terra.
Minha poesia e essa gente são o amálgama do que fui
Ando pela cidade de pouco verde
e muita atenção
Tudo me dá poesia,
se me reverbero em pauta
ou se me tranco em casa na busca do sossego
Falo da minha terra como se fosse minha...
Se essa fosse a minha terra de verdade
eu a veria mais descomplicada
Todavia, jogo poesia por onde passo,
na ânsia de imprimir aqui
as bandeiras que levantei e das quais não me esqueci
Se eu fosse verdadeiramente dessa terra
E se essa terra fosse minha
E se eu lhe elegesse minha mãe,
Haveríamos de dar-nos as mãos
e sairíamos pelo mundo, espalhando
que um poeta e uma cidade se estimam
como a um só se estima
Mas eu venho das bandas onde ninguém habita
expatriada e urgente da obtenção da posse
Se eu pudesse desejar o praticável
Exigiria o meu quinhão no sangue
e no berço dessa hereditariedade
Desejaria que essa terra me ouvisse,
tomasse conta das minhas madrugadas
me consolasse à hora que o calor propaga-se
e que me amasse,
como a um filho seu.
Porque lhe amo, terra minha
e porque desejo na intensidade máxima que seja minha
fica com meu afeto necessitado,
e com a minha maturidade, na poesia.